Somos um.
“Nós dois” é como deitar numa boa cama
E sentir-se mergulhando em lama.
É como entrar no quarto,
Tirar o sapato
E perceber que está faltando o par.
“Nós dois” é como ter oxigênio e morrer sem ar
É como o atleta na última volta
Quando o corpo não suporta
E ele desaba antes do final.
Mas que, em uma união de força magistral
O universo conspira para algo acontecer
E, do nada, eu penso em você
Lembro como foi te conhecer
E como foi ao teu lado crescer.
“Nós dois” é como o passarinho preso que precisa
Sentir nas plumas uma carinhosa brisa
É como um violão abandonado.
Solitário, acaba desafinado.
É como um livro surrado
Mas que conta de um passado.
De um menino e uma menina.
Conta sobre cada sina.
“Nós dois” é como, ao conto de fadas dar a vida
E, como todo bom drama, é cheio de ida e vinda
É como um arrepio no corpo quando se veem, que nunca finda.
É como o planeta Venus quando é Dalva
Com seu brilho tímido precede o brilho solar ao nascer
E abre o espetáculo estelar ao anoitecer.
“Nós dois” é como uma nascente:
Não sabe aquilo que forma
Mas basta brotar que conforma
Os corações com cede
É como a paz que o matuto encontra numa rede:
Protege seu sono e o resguarda
Para que nenhuma brisa errada
Tire-lhe a paz.
“Nós dois” é como um furacão:
Leva tudo ao tocar o chão
E é de tamanha intensidade que sempre causa destruição.
“Nós dois” é como o universo:
Ambíguo, imenso e disperso
Senhor de si mas carente de sua oposição
Cansado de ser rei sem súdito
Cansado de ser solidão.
“Nós dois” é como a infinita vastidão
Não acha abrigo em si
Não acha, para a sua tristeza uma vazão.
E “Nós dois” É e não somos
Pois criados um para o outro fomos
Somos um e não dois.
Deus criou antes da luz o nosso amor,
O mundo veio depois,
veio como posterior.
Victor Pires Vieira de Lorena e Sá.
Poesia muito boa essa.
ResponderExcluirNem curto muito, mas tão bem feita assim não poderia deixar de gostar. Ela ( a poesia) tem função,interação, comoção e o mais importante palavras de um apaixonado.
Muito legal mesmo. Abraço.